Mobilização LGBT




É muito importante entender sobre o assunto e mais importante de tudo é saber si conhecer, através do conhecimento você descobre coisas grandiosas em si mesmo! 

Refúgio da Mente fez uma pequena entrevista com a psicólogo Vitor Detomini. 



1.Como é o processo de aceitação quando a pessoa "descobre" a sua orientação sexual? 

É preciso entender que cada pessoa reage a sensações e emoções de uma forma distinta, baseada em seu contexto histórico, cultural e social. Se ela passa a sentir atração por pessoas do mesmo sexo e contar com abertura e entendimento das pessoas que estão ao seu redor, essa "aceitação" que você trouxe na pergunta se torna algo simples, um processo como outro qualquer, natural. Contudo, se esse desejo não é aceito, e se as pessoas ao redor compartilham dessa não aceitação e não oferecem escuta e acolhimento para o que a pessoa sente, este pode ser um processo doloroso, principalmente quando familiares e amigos fazem parte deste grupo. 



2.  5 dicas para os pais ou responsáveis de que forma eles precisam lidar com a orientação sexual do filho (a). 

1 - As pessoas não escolhem gostar de alguém do mesmo sexo, assim como você não escolheu gostar de alguém do sexo oposto. 

2 - Não há nada de errado em amar alguém do mesmo sexo, este sentimento não é uma enfermidade. 

3 - Não finja que não há nada acontecendo. Faça perguntas, tente entender, sem julgar. 

4 - Busque entender as diferenças entre orientação sexual e identidade de gênero. 

5 - Não sinta vergonha, orientação sexual não define moral, nem capacidade intelectual de ninguém. Ame!



3. Você já lidou com "casos" de pessoas que teve algum "receio" ou medo de se aceitar a sua orientação sexual ou sua identidade de gênero? 
  
Não, já lidei e tenho lidado com dificuldades de pais e mães em compreender a orientação sexual de filhos. Creio que as pessoas ainda têm receio de procurar atendimento de psicologia para lidar com estas questões, o que é uma pena, pois podemos ajudar neste processo. 


4. Como você considera a mente de alguém que acreditava ter uma sexualidade a vida inteira e agora descobriu o que realmente é? 
  
Nós nos relacionamos com outras pessoas, temos experiências, passamos por alegrias, decepções, desilusões e descobertas. Nos sentimos atraídos por outras pessoas pelos mais diversos motivos, nos mais variados contextos, não vejo necessidade de interpretar os comportamentos de quem passa por essas questões a menos que isso traga alguns sofrimentos para ela ou terceiros. Na realidade, considerando que o ser humano é um ser social, elas estão apenas vivendo. 


5. Você como profissional da saúde como a sociedade ou até mesmo a pessoa que esteja se aceitando como ambos podem lidar? 

Não sei se entendi muito bem esta pergunta, mas retomando um pouco a resposta da pergunta anterior, é preciso enxergar se o desenvolvimento da orientação sexual das pessoas lhes traz sofrimento e por que trazem. Garanto que todos os casos estarão ligados ao preconceito e discriminação. É preciso sensibilizar a sociedade e lutar pelos direitos de igualdade, buscar auxílio e entender que temos profissionais dispostos a ajudar. 







6. A sociedade acaba influenciando nesta parte da pessoa "assumir" quem ela é de fato? 

Com certeza. Há muitas questões que pesam nessa influência, creio que a origem da maioria delas se encontra principalmente em algumas religiões e na forma com que as pessoas reproduzem os discursos baseados nelas. Nisso, a sociedade age como se uma orientação sexual homossexual ou bissexual fosse algo anormal ou até mesmo continuam sustentando que é um desvio de caráter ou uma enfermidade. Além disso, o machismo, também com forte base religiosa, contribuiu para proliferar o preconceito e a homofobia, apresentando modelos que devem ser seguidos na criação de meninos e meninas. Há toda uma lógica que deve ser destruída para que as pessoas possam ser livres para exercer sua sexualidade da forma como bem entenderem. Somos frutos de uma sociedade patriarcal capitalista que fomenta esta lógica.

7. A disforia de gênero tem a ver com orientação sexual ou identidade de gênero de uma pessoa? De que forma a pessoa pode lidar? 

Didaticamente falando, a disforia de gênero acontece quando uma pessoa apresenta o sexo masculino, mas se sente do sexo feminino, ou que apresenta o sexo feminino, mas se sente do sexo masculino, podendo ocorrer na infância, adolescência ou idade adulta. Não necessariamente está ligada com a orientação sexual. Os pais devem estar atentos para os possíveis comportamentos dos filhos de insatisfação com o corpo, por exemplo relatos de desejo em ser do sexo oposto. É necessário buscar a maior quantidade de informações possíveis e buscar auxílio da área de pediatria e psicologia para melhor compreensão do fato. Acima de tudo, não devem apresentar tabus ou preconceitos, que nada auxiliam na lida da questão. Sugestão de leitura: https://medium.com/qg-feminista/disforia-de-g%C3%AAnero-n%C3%A3o-%C3%A9-uma-coisa-s%C3%B3-88a7a363596a


8. 3 dicas para alguém que tenha receio de aceitar a sua orientação sexual. 


1 - Se entenda, se goste, se aceite. A partir do momento em que a pessoas consegue ter segurança em relação a sua orientação sexual, poderá enfrentar o que possa surgir de desafios. Não há nada de errado em amar as pessoas. 

2 - Fale de si para pessoas que te querem bem... Se necessário, peça ajuda, profissional ou não, na mediação para contar à família e/ou amigos. 

3 - Politize-se, busque conhecer as pessoas que lutam pelo direito à liberdade e igualdade e contra o preconceito e a homofobia. 


9. Você acredita que é possível minimizar o preconceito que existe dentro da sociedade? 
  
Eu acredito na mudança das pessoas. Acredito mais ainda em dar um modelo de igualdade e tolerância, ou seja, buscar educar crianças e adolescentes de modo que elas saibam respeitar as escolhas do próximo. As pessoas com orientação sexual diferentes não estão fazendo nada de errado para ninguém, não é tão difícil entender que elas querem amar e se relacionar como qualquer um faz.  

10. Em sua opinião o que acha do movimento LGBT? 

Extremamente importante! Principalmente por lutarem contra a homofobia, para o reconhecimento da identidade de gênero, pelo fim da "cura gay", pelo direito de casamento civil igualitário, pela possibilidade de adoção por casais homo afetivos, e tantas outras pautas para o bem, que visam simplesmente o cumprimento do direito essencial da liberdade.



 
 

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